The Firm - J. R. Grisham, Jr.

 Olá fãs de leitura, tudo bem? O livro que vou falar hoje é de um autor bem conhecido, o John Grisham. Alguns dos seus livros foram adaptados para filmes, inclusive esse, "A Firma", estrelado por Tom Cruise (1993), com direito à serie em 2012 que continuou a história da personagem principal. Eu não vi esse filme nem a série, mas a história por algum motivo não me pareceu estranha. Acho que deve ser algum tipo de senso comum essa história, talvez um plot já conhecido. Enfim, eu o li em inglês original e naquele da capa mais antiga, de 1991 mesmo. Sim, terão spoilers.

Então, vamos conhecer um pouco do John:

John Ray Grisham Jr.  é um advogado criminal estadunidense. Seu estilo de escrita é conhecido como ficção popular, em que o objetivo do texto é sempre entreter e divertir e, não necessariamente, há aprofundamento das personagens. O livro "The Firm" foi seu primeiro livro a vender espantosamente bem, como mais de sete milhões de cópias. Um fato interessante: John veio para o Brasil em uma missão de sua igreja. Ele teve seu interesse despertado pelo direito tributário algumas vezes na vida, o que com certeza o impulsionou na escrita de "The Firm" (leia mais em: <https://ultimatepopculture.fandom.com/wiki/John_Grisham>). 

Pois bem, agora vamos ao texto. O livro é muito fácil de ler, realmente. Ele é envolvente e as cenas são contadas de forma que você parece que está vendo um filme. A trama é bem previsível, assim como o final, mas isso não fez com que eu não quisesse devorar o livro que tem uma escrita de sessão da tarde. Porém, enquanto leitora, eu não posso deixar de perceber que o livro em si não traz nada de novo para a mesa.

Eu considero que tenho uma criatividade moderada, a ponto de conseguir extrair de pequenas passagens ou exemplos, alguns questionamentos que me levam de fato a refletir sobre a nossa vida. Eu acho que o fator principal para que eu consiga fazer isso é a história permitir uma flexibilidade da trama, o que não senti acontecer nesse livro. Assim como muitos filmes "populares" (e já vou discutir o que acho desse termo), existe verossimilhança, mas não tem mais nada ali além de uma passagem. As personagens não são profundas o suficiente a ponto de te fazer imaginar características não ditas sobre a vida delas. O enrendo é envolvente, mas meramente uma cadeia de acontecimentos que leva a um final, não permite uma brincadeira de "e se(s)". Ou seja, eu acho que nessa minha reflexão, um pouco diferente das que venho fazendo, não terá muita "viagem na maionese" ou, como gosto de pensar, problematizações.

Bom, vamos lá quanto ao termo popular. Muitas pessoas quando usam o termo popular, estão, de certa forma, se referindo a algo que julgam ser de menor valor. Por exemplo: móveis e moradias a preço popular. Mesmo que as pessoas não percebam, quando elas se referem a produções artísticas e usam o termo popular, também é de uma forma a desvalorizar aquilo em relação a outra coisa. Por exemplo: funk é cultura popular. Pois bem, farei um esforço para tentar alterar isso (e mostrar porque deve ser alterado).

1º O significado mais comum para a palavra popular é "Que é particular ou característico do povo" (Dicionário Léxico). 

    Nesse sentido, não vejo nada que possa ser usado de forma pejorativa, afinal, somos todos o povo e o que é do povo, é obrigatoriamente nosso. Por mais que algumas pessoas queiram se destacar do povo, considerando-se superiores, como unidade, o povo é o coletivo de todos. 

2º O significado que dá o tom mais pejorativo para a palavra popular é "Adaptado à compreensão ou ao gosto das massa" (Dicionário Michaelis On-line).

    Esse significado confere que qualquer coisa que for popular foi, de certa forma, feita para ser apreciada pelo povo. O uso da palavra "adaptar" confere, incluso, uma visão elitista do termo, levando à conclusão de que para algo ser popular, ela teve que passar por uma adaptação que (muita vezes) é entendida como uma simplificação porque a massa não teria o conhecimento necessário para compreendê-la de forma não-adaptada. 

3º O significado mais elitista para a palavra popular é "Que se transmite informalmente ou com base na tradição oral, por oposição ao erudito" (Dicionário Priberam).

    O que quero dizer com elitismo expresso nessa entrada é que, como o popular é usado algumas vezes para se referir ao contrário da forma erudita de transmissão (isso é, acadêmica), muitas pessoas associam coisas populares como contrárias à alguma cultural idealizada. 

Portanto, sim, o termo popular pode ter muitos significados e alguns deles são carregados de preconceitos de que algo feito para uma grande quantidade de pessoas, que é por elas admirado e por elas compreendido, só pode ser algo desprovido de importância e/ou conhecimento.

As entradas dois e três não precisam ser assim encaradas, entretanto. Na realidade, é tudo uma questão de leitura e interpretação. Uma coisa ser facilmente compreendida pela massa pode ser ótimo, porque assim todos possuem aquele conhecimento e se é um conhecimento benéfico, o bem maior prevalece. O mesmo vale para a transmissão da informação ser de forma "social", isso é, pessoas conversam entre si e transmitem a coisa popular sem todo a grandiloquência que textos acadêmicos muitas vezes possuem e exigem. Ambas as leituras "esperançosas" desses significados indicam que se um conhecimento, por exemplo científico, torna-se popular, ele foi traduzido, difundido e é compreendido de forma tão ampla, que atingiu seu real objetivo de alterar a sociedade e torná-la mais crítica e consciente do mundo natural. 

Quando eu, Mariana, uso o termo popular para me referir a algo, nunca o faço de forma pejorativa. Algumas pessoas assim o compreendem, mas aí relembro-as (quando vejo abertura para isso, claro) que não uso popular para depreciar algo, mas sim para me referir quando aquele determinado objeto possui popularidade, ou seja, o povo como um todo o conhece, compreende e é capaz de transmití-lo sem precisar ser um erudito para tal. 

Após tudo isso, sim, "The Firm" é um livro popular. Ele foi feito para agradar ao povo, sua linguagem é popular (no sentido de facilmente compreendida e transmitida) e isso não é novidade, afinal vendeu o tanto que vendeu justamente por conta disso. 

John Grisham é um escritor de obras comerciais. Isso, novamente, não é pejorativo. É uma divisão das obras de ficção baseado em que elemento o autor destaca. Mas vamos lá, sabemos que o termo comercial (ainda mais para obras de arte) pode ter uma conotação ruim. É por isso que a Câmera Brasileira do Livro preferem chama-os de "romances de entretenimento". Acho que todos aqui sabem que quando se fala em romance, não quer dizer que é uma obra romântica (de amor), mas sim se refere à escrita em prosa, que difere da poesia por não ter métrica específica. Pois bem, John Grisham é um escritor de entretenimento, em que o foco é na história, no enredo (leia mais em: <https://www.publishnews.com.br/materias/2020/03/25/o-que-e-romance-de-entretenimento-a-nova-categoria-do-premio-jabuti>). 

Mas, por mais interessante que seja tudo isso que eu pesquisei, nenhum desses pontos justifica o porque eu não tive nenhuma, literalmente nenhuma pulga atrás da orelha após ler o livro. Já li livros populares e de ficção comercial, um exemplo claro é meu último texto, de Agatha Christe, tão popular, conhecida e focada no enredo quanto qualquer outro. Porém, eu volto a dizer que o mais plausível é que o livro "The Firm" se fecha em si e quanto a isso não tem nada que possa ser feito. 

Até o momento nem falei das personagens, né? Bom, temos a principal: Mitch McDeere, um recém-formado em direito que pretende se especializar nas questões tributárias que recebe uma proposta irrecusável, baseando-se em quantidades enormes de dinheiro e muito luxo e crescimento para quem trabalhasse duro. Ele é casado com Abby, que é uma professora. Embora Abby tenha dois pais relativamente presentes, Mitch tem uma mãe muito distante e um irmão com problemas na justiça, que encontra-se preso. Mitch e Abby são um casal jovem que não tem nada a perder, mas muito a ganhar com a mudança para Memphis e o começo de uma carreira brilhante. Para quem quiser adicionar o Mitchell no LinkedIn, basta acessar: <https://www.linkedin.com/in/mitchell-mcdeere-3b2a9692/> e esperar que ele te aceite da ilha caimã que ele estiver. 

É claro que, como tudo, era bom demais para ser verdade. O que é impressionante ele não saber... Ou a mãe de Mitch é um ponto fora da curva que nunca falou isso para ele, ou o brilhante aluno de Harvard só sabia ler livros e não adquiriu um conhecimento de vida... Seja o que for, ele cai numa firma que é mancomunada (e mesmo chefiada) pela máfia. Eles fazem todo o processo de lavagem de dinheiro da máfia. A coisa se desenrola, o FBI pede ajuda do novo advogado para prender os garotos malvados e, no final, Mitch mete o pé fugido tanto da máfia, quanto do FBI. 

A história, como disse, é muito hollywoodiana e tá tudo bem, mesmo. Mas, infelizmente, não me levou a questionar nada mais. Eu até cogitei pensar sobre, poxa, o Mitch não é altruísta. Ele só aceita ajudar o FBI porque foi-lhe oferecido dinheiro e não confia no FBI para protegê-lo, então arma um baita plano que deita todo mundo no chinelo. Porém, qual a graça? Qual conclusão eu chegaria? Que o personagem Mitchell McDeere é um ser humano como qualquer outro? Que sofreu durante a vida e só quer se dar bem? Quem der a maior quantia e garantir segurança, é para lá que ele pula. Poxa, nada que me gere nenhuma reflexão filosófica profunda. E, claro, nenhuma científica, porque a abordagem do texto não tem nada a ver com isso...

Bom, sinto que essa seja uma opinião um tanto quanto diferente das outras, em que eu coleto pequenos detalhes e falo como eles me fizeram refletir sobre outras questões. Eu até cogitei não escrever sobre ele justamente por isso (como já deixei de escrever sobre alguns outros desde que comecei), mas a verdade é que achei válido trazer a visão de que nem todos os livros levam a maiores reflexões e isso, é claro, também é uma opinião literária minha! Precisamos de livros assim às vezes, assim como precisamos de outros outras vezes. 

Obrigada pela leitura e espero que sua próxima aventura literária seja recompensadora!

Abraços.

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